Os bancos estão pressionando a Caixa Econômica Federal a reavaliar os custos e detalhes da
operação de empréstimo consignado garantido pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Banco do Brasil e um grande banco privado confirmaram a VEJA que avaliam a necessidade de
ajustes junto à CEF.
A reclamação é que o banco público está cobrando uma mensalidade das instituições financeiras
de 4.500 reais para que eles tenham acesso ao sistema criado para viabilizar essa modalidade de
empréstimo. Além disso, o custo por operação é mais do que o dobro que o de uma operação
normal. A queixa foi divulgada inicialmente pelo jornal Folha de S.Paulo.
O crédito consignado garantido pelo FGTS foi uma promessa feita pelo governo federal há mais de
um ano. Trabalhadores poderiam fazer empréstimos a custos mais baixos, pois, em caso de
demissão, o fundo garantiria a quitação do débito. Os bancos podem, desde esta quinta-feira, 27,
oferecer essa modalidade.
“O Banco do Brasil avalia as regras e os ajustes operacionais necessários, especialmente, junto à CEF
– operadora do FGTS. Em tempo, o BB continua a oferecer o crédito consignado tradicional privado
aos clientes, tendo por base os convênios estabelecidos com os empregadores”, disse em nota.
Um grande banco privado, que preferiu não se identicar, armou que as taxas cobradas estão muito
acima do que é normalmente praticado pelo mercado. Disse também que havia grande expectativa
para o início dessa operação, pois a CEF tinha dado sinais positivos aos outros bancos no final do
ano passado.
Nesta quinta, os bancos se reuniram na Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para discutir essa
nova modalidade de crédito. Segundo a CEF, a reunião foi realizada para discutir a operação, mas não
as taxas envolvidas nela. A Febraban garante que valores não foram debatidos. “Seria cartelização”,
disse um assessor da federação.
A CEF diz que ainda não recebeu nenhuma notificação formal. “A Caixa informa que, até a presente
data, não houve contestação pelas instituições consignatárias acerca dos custos envolvidos no
processo de fornecimento de informação e reserva de valores na conta vinculada do FGTS de
titularidade do trabalhador”, disse. O banco “ressalta que todas as manifestações, até o momento,
raticaram a assertividade do novo modelo, face às necessidades operacionais dos bancos
interessados em oferecer essa nova linha de crédito”.
Atualmente, o único grande banco que está trabalhando com empréstimo consignado garantido pelo
FGTS é o Santander. No entanto, a operação ainda é um projeto-piloto restrito aos funcionários de
três empresas. A instituição se antecipou ao movimento da Caixa e está garantindo, com recursos
próprios, as taxas do empréstimo.
Procurado, o Santander afirmou que é a Febraban quem está cuidando do assunto. Itaú e Bradesco
não atenderam aos pedidos da reportagem.
Oficialmente, a Febraban afirmou que as negociações entre Caixa e outras instituições são tratados
individualmente e não interfere nelas. “No âmbito da Febraban, não discutimos temas relacionados a aspectos comerciais de produtos
bancários, como os custos das linhas de crédito definidos pelos bancos, ou, no caso do consignado
com garantia do FGTS, dos aspectos de preços envolvidos na relação entre Caixa Econômica Federal
e os demais bancos”, disse em nota.
Via Veja On Line