O governo de Jair Bolsonaro anunciou ontem que vai reduzir o tamanho dos bancos públicos no País, com venda de subsidiárias e a devolução de aportes feitos pelo Tesouro nessas instituições. Também indicou que irá diminuir o número de agências e encarecer o custo do crédito para a classe média (no caso de financiamentos à casa própria) e para o produtor rural para que os bancos deem mais retorno ao controlador, a União.
Ao dar posse a Rubem Novaes (Banco do Brasil), Pedro Guimarães (Caixa Econômica Federal) e Joaquim Levy (BNDES), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o mercado de crédito no País foi “estatizado” e sofreu “intervenções danosas” de governos anteriores. “A máquina de crédito do Estado sofreu desvirtuamento. Perderam-se os bancos públicos através de uma aliança perversa de piratas privados, democratas corruptos e algumas criaturas do pântano político”, discursou o ministro. Ele afirmou que os novos presidentes estão assumindo os cargos com a responsabilidade de acabar com a “falcatrua”.
Presente na cerimônia de posse, no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que não admitirá nenhuma “cláusula de confidencialidade pretérita” nos bancos para justificar a falta de transparência nas operações. Mais cedo, no Twitter, o presidente afirmou que a “caixa-preta” do BNDES está sendo levantada e será divulgada, assim como de outros órgãos públicos federais.
Guedes também criticou o que chamou de financiamentos “estranhos” do BNDES, quando o banco emprestou a juros baixos para grandes companhias, que ficaram conhecidas como “campeãs nacionais”, ou para projetos de pouco retorno. “Nós, economistas liberais, não gostamos disso”, afirmou. O ministro da Economia também disse que à medida que a “caixa-preta” da Caixa for examinada, vai ficar “óbvio” que o banco foi “vítima de saques, fraudes e assaltos nos recursos públicos”. Guedes afirmou que Bolsonaro não vai tolerar compra de influência política junto aos bancos públicos e, consequentemente, o uso de recursos na direção equivocada.
Em sintonia com o chefe, os presidentes dos bancos prometeram priorizar pequenos tomadores de crédito, venda de participação em subsidiárias e o pagamento da dívida com a União.
Em 2012, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff os bancos oficiais foram obrigados a reduzir as taxas e os juros, movimento que não foi compartilhado pelos concorrentes privados. Como a crise econômica se agravou, houve aumento de calotes, redução do retorno das instituições e o comprometimento de capital.
Guimarães, da Caixa, disse que a classe média terá de pagar juros maiores do que os cobrados nos financiamentos do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida. “Quem é classe média tem de pagar mais. Ou vai buscar no Santander, Bradesco, Itaú. Na Caixa, vai pagar um juro maior que o do Minha Casa, certamente, porque vai ser um juro de mercado. ”
Novaes, do BB, disse que há um entendimento tanto do Banco Central como do Ministério da Economia de que seria necessário reduzir subsídios nos juros do crédito rural e ampliar o seguro agrícola.
Via O Estado de S. Paulo